Oclusão e Disfunção da ATM

Disfunção da Articulação Temporo-Mandibular (DATM) e Dores Crânio-Faciais

 

 

Doença pouco divulgada em Portugal e por isso com muitos pacientes por diagnosticar.
De acordo com o Instituto Nacional de Saúde dos EUA, mais de dez milhões de americanos sofrem de Disfunções/Desordens da ATM. Esta é a estimativa mais conservadora que encontramos.

 

 

A Oclusão é o ramo da medicina dentária que estuda as relações de contacto dentário entre as arcadas dentárias superior e inferior. Na oclusão é considerada a relação dinâmica, morfológica e funcional entre todos os componentes do orgão mastigatório que é composto pelos dentes, pelas estruturas de suporte dos mesmos, pelo sistema neuromuscular, pelas articulações temporomandibulares e pelo esqueleto crâniofacial.

 

 

Normoclusão (“oclusão normal”): para que exista uma oclusão correcta todos os dentes devem ter uma posição e relação correcta, quer entre eles, quer com o sistema ósseo em que estão inseridos.
Quando esta harmonia não se verifica surge a “Disfunção da Articulação Temporomandibular” (DATM) com queixas vulgares, por vezes insuportáveis: cefaleias, dor na região dos ouvidos (confunde-se com dor de ouvidos), ruídos na ATM, dor da coluna cervical, dor nos músculos da mastigação, dor facial, dificuldade em abrir a boca, abrasão dentária (desgaste acentuado dos dentes). Esta situação deve ser diagnosticada e tratada o mais cedo possível para evitar complicações maiores.

 

 

A Disfunção da ATM é o resultado do anormal funcionamento de:

1- articulação temporo-mandibular (ATM),
2- ligamentos,
3- músculos da mastigação (Temporal, Masseter, Pterigoideu externo e externo),
4- osso maxilar superior e inferior (mandíbula),
5- dentes,
6- estruturas de suporte dentário.

 

 

O disco articular é um tecido semelhante ao menisco do joelho, posicionado junto côndilo mandibular e age como um amortecedor, entre o côndilo e o crânio.

 

 

As Articulações Temporo-mandibulares, quando intactas, são as únicas articulações no corpo humano que trabalham juntas (bilateralmente) como uma unidade. Estas articulações permitem-nos executar funções como abrir e fechar a boca, mastigar, deglutir, respirar, falar, etc.

 

 

Todos os elementos da A.T.M. estão sabiamente programados e desenhados para funcionar em conjunto, harmonicamente, sem tensões ou esforço.
Quando qualquer destes elementos estiver em desiquilíbrio, provoca nos restantes elementos um esforço suplementar para compensar e restaurar o equilibrio. O ser humano tem uma capacidade inata para tolerar alterações e desiquilibrios do organismo, criando automaticamente adaptações para “superar as dificuldades”. No entanto esta tolerância e capacidade de adaptação tem limites e varia de pessoa para pessoa. Quando as alterações são muitas pode haver dificuldade em restaurar o equilibrio e surge a doença, com sinais e sintomas. Quando existe a disfunção, o paciente queixa-se de sintomas como: dor de cabeça (cefaleia, “enxaqueca”); dor de ouvido; zumbidos e/ou vertigens; dor e/ou cansaço dos músculos da mastigação; dor no pescoço, ombros ou costas; torcicolos; ruídos articulares da ATM (estalos ou crepitação junto ao ouvido); dificuldade para abrir a boca.

 

A disfunção da ATM está relacionada a hábitos comuns, como o apertar os dentes involuntáriamente, bruxismo (ranger os dentes quando dorme), morder objectos estranhos, roer unhas, mastigar chicletes, postura da cabeça (para a frente), prender o telefone com o queixo. Está também relacionada com o stresse, ansiedade, depressão ou traumatismo oro-facial anterior.

 

 

Estes pacientes apresentam um quadro clínico muitas vezes obscuro, devido à complexidade anatomo-funcional do Sistema Estomatognático o que os leva a percorrer várias especialidades médicas (O.R.L., Fisiatria, Ortopedia, Neurologia, Neurocirurgia, Psiquiatra) e a submeterem-se a vários exames complementares de diagnóstico (RX, TAC, Ressonância Magnética, E.E.G., etc.).
Esta disfunção é encontrada, com maior freqüência nas mulheres, sendo aproximadamente de 9 mulheres para 1 homem.
Tenta-se explicar esta alta incidência, devido ao fato da mulher estar exposta às mudanças hormonais durante o ciclo menstrual e à gravidez; também, comparadas aos homens, procuram com maior frequência ajuda médica. Em relação à idade, pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas é mais comum dos 30 aos 40 anos.
Os hábitos parafuncionais e a maloclusão dentária induzem micro-traumas na ATM, desenvolvendo-se assim lesões degenerativas no côndilo e no disco articular.

 

Se sofre de DATM é muito provavel que tenha gasto anos da sua vida em várias consultas em busca de alívio e ouvindo explicações tais como: “tem otite”, “tem enxaqueca”, “tem um princípio de hérnia discal”, “tem hérnia discal”, “tem nevralgia”, “tem depressão”, etc, etc.

 

 

Há várias opções de tratamento:

Explicação da fisiopatologia da doença e “auto-cuidado”;
Modificação do comportamento, incluindo técnicas de relaxamento;
Terapia de aplicação ortopédica (placa de relaxamento);
Terapia oclusal (ortodontia, reabilitação oral, ajuste oclusal, etc.);
Terapia física;
Muito raramente medicamentos;
Muito raramente cirurgia.

 

Os objetivos do tratamento são:

Reduzir a dor
Restabelecer a função mandibular confortável
Limitar a recorrência da dor
Evitar danos articularers irreverssíveis